O processo da Avaliação
no Ensino e na Aprendizagem de Matemática
1 - De acordo com o texto de Costa (2011), quais fatores
podem contribuir para o insucesso no ensino de matemática?
Segundo Costa (2011) parte do insucesso na Matemática é evidenciado no
Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), no qual os resultados apontam
que grande parte dos alunos apresenta baixo nível de proficiência no que se
refere as habilidades e competências para resolver problemas e na aplicação de determinados procedimentos
matemáticos, a exemplo de transpor para uma linguagem matemática comandos
operacionais compatíveis com o seu tempo de escolarização, ou não conseguindo
interpretar problemas do cotidiano.
Os fatores que podem contribuir para o insucesso no ensino da
matemática podem ser externos (abordagem pedagógica) e de intrínsecos ao aluno.
Na ótica da abordagem pedagógica, Costa (2011) apud Arredondo
e Diago (2019) diz que um dos fatores
que levam ao insucesso na aprendizagem de Matemática é a Metodologia inadequada
utilizada pelos professores, uma metodologia que promove o sucesso deve ser
aplicada de acordo com o nível matemático e dos conhecimentos prévios dos
alunos. O autor afirma que os conteúdos
devem ser selecionados de acordo com a Programação Anual de Matemática da série
e de acordo com nível que o aluno está cursando assim como das programações de
aula ou unidades didáticas sequenciadas. Outro fator que causa insucesso é a má
administração do tempo, tendo em vista que os professores gastam o tempo todo
com os conteúdos conceituais, em detrimento dos conteúdos procedimentais e
atitudinais. Por último, pode-se destacar, como um fator de insucesso, a forma
de avaliar apenas quantitativa, baseada exclusivamente em provas bimestrais
e/ou semestrais, as quais avaliam apenas os conteúdos conceituais, mediante a
qual não há um acompanhamento do desenvolvimento da aprendizagem do estudante
no decorrer de todo o processo de ensino aprendizagem, como é feita na
avaliação contínua. Nesta sim, é possível avaliar além dos conteúdos
conceituais, os conteúdos procedimentais e atitudinais e detectar as
dificuldades dos alunos a tempo de fazer a intervenção pedagógica através da
reorientação do ensino, com estratégias diferentes, e/ou proporcionando o embasamento/nivelamento
dos conteúdos caso o aluno não o tenha.
Quanto aos fatores intrínsecos podem ser considerados em duas
dimensões: acalculia e discauculia.
Costa (2011) apud Johnson
e Myklebust (2006) diz que acalculia refere-se a um transtorno em relação ao
aprendizado de Matemática gerado a partir do momento em que o indivíduo sofre
lesão cerebral, a exemplo de um acidente vascular cerebral ou um traumatismo
craniano-encefálico e perde as habilidades já adquiridas. Essa perca ocorre em
níveis variados para a realização de cálculos matemáticos. Assim, não é
possível controlar os fatores que levam à acalculia. Para subsidiar o trabalho
com esse tipo de dificuldade é preciso investir em estudos e pesquisas.
Costa (2011) apud Ferreira
Filho (2010) preconiza que a discauculia é um transtorno de aprendizagem na
área de Matemática, caracterizado pela alteração na capacidade de realização de
operações matemáticas abaixo do esperado para a idade cronológica, nível
cognitivo e escolaridade.
Problemas que dificultam a aprendizagem da Matemática:
·
Distúrbios de
memória auditiva: O aluno não consegue ouvir os enunciados que lhes são
passados oralmente, sendo assim, não conseguem guardar os fatos, tornando-o incapaz
para resolver os problemas matemáticos;
·
Distúrbios de
leitura: Os dislexos e pessoas com distúrbios de leitura apresentam
dificuldade em ler o enunciado do problema, mas podem fazer cálculos quando o
problema é lido em voz alta;
·
Distúrbios de
percepção visual: O aluno pode trocar 6 por 9, ou 3 por 8, ou 2 por 5 por
exemplo. Por não conseguirem se lembrar da aparência elas têm dificuldade de
realizar cálculos.
·
Distúrbios de
escrita: O aluno com disgrafia tem dificuldade de escrever letras e
números.
O autor destaca a importância de não confundir a discalculia com
os fatores supracitados, já que a discalculia impede o aluno de compreender os
processos matemáticas. Esse transtorno não é causado por deficiência mental,
nem por déficits visuais ou auditivos, ou por má escolarização.
O professor sendo conhecedor de todas essas dificuldades e
distúrbios que seus alunos podem apresentar deverá no seu planejamento de
ensino levar em consideração os seguintes aspectos:
·
O currículo escolar e os métodos de ensino devem atender as
necessidades dos alunos e estar de acordo com a realidade por eles vivida. Para
isso, as atividades devem estar pautadas em situações do cotidiano, pois assim
elas terão sentido para o aluno e darão motivação para que ele aprenda a lidar
com situações enfrentadas habitualmente;
·
Os métodos de ensino devem ser diferenciados de acordo com a
necessidade de cada grupo, observando as recomendações dos Parâmetros
Curriculares Nacionais. Quais sejam: o uso da história da Matemática, o uso das
tecnologias, resolução de problemas, o raciocínio lógico, contextualização dos
conteúdos. Assim, os alunos terão a oportunidade de ampliar seus conhecimentos
acerca de conceitos e procedimentos matemáticos bem como de ampliar a visão que
têm dos problemas, da Matemática, do mundo em geral e desenvolver a autoconfiança;
·
O ambiente de sala de aula deve propiciar o encorajamento dos
alunos no sentido de propor soluções, explorar possibilidades, levantar
hipóteses, justificar seu raciocínio e validar suas próprias conclusões.
·
O professor deve abordar a Matemática de forma
investigativa de modo que os alunos o
avanço na produção de conhecimentos é uma consequência de um processo de
resolução de problemas;
·
O gestor do ensino- o educador – deve preparar atividades
para os estudantes que envolvam habilidades inerentes a percepção da atividade
Matemática no seu dia a dia para que se
interessem no aprofundamento dos conteúdos matemáticos que lhes permitam
aplicar modelos matemáticos mais sofisticados para resolver problemas e, ao
mesmo tempo, perceber que esse aprofundamento é importante no desenvolvimento
de habilidades relacionadas ao raciocínio lógico e à capacidade de abstração;
·
O gestor do ensino deve orientar os alunos para que eles
possam desenvolver seu potencial de forma autônoma e criativa.
Dessa forma, a aprendizagem do aluno torna-se mais
significativa bem como trabalho docente revitalizado, evitando ou minimizando o
insucesso em Matemática.
2 –
Conforme Costa (2011) “a construção do ressignificado da avaliação pressupõe
dos educadores um enfoque crítico da educação e do seu papel social”. Como você
analisa esta afirmativa?
Conforme Costa (2011) uma nova abordagem da disciplina de
Matemática pressupõe dos educadores um enfoque crítico da educação e do seu
papel social. Para tanto, requer o conhecimento de que essa área do
conhecimento é uma disciplina investigativa, na qual o avanço na produção de
conhecimentos é uma consequência de um processo de resolução de problemas.
Assim sendo, o professor deve propor atividades que desenvolvam em seus alunos
habilidades para reconhecer a importância da Matemática no seu cotidiano e com
isso tenha vontade de ampliar seus conhecimentos de modo a possibilitá-los a
aplicar modelos matemáticos mais sofisticados para resolver problemas, e
concomitantemente, vejam que essa gama de conhecimentos ora construídos é
fundamental no desenvolvimento de habilidades relacionadas ao raciocínio lógico
e à capacidade de abstração.
Para isso, o professor precisa ter uma bagagem teórica no que
tange a explicação de como o conhecimento matemático é construído pelo
indivíduo. Dessa forma, o professor terá suporte para orientar os seus alunos,
de modo que os mesmos desenvolvam suas potencialidades de forma autônoma e
criativa. Por fim, o autor assinala que o professor deve ter uma visão do que
constitui um ambiente propicio de aprendizagem.
Ou seja, esse ambiente deve encorajar os estudantes a propor soluções,
explorar possibilidades, levantar hipóteses, justificar seu raciocínio e
validar suas próprias conclusões.
Diante do exposto, é perceptível que não é mais cabível a avaliação apenas quantitativa,
classificatória, excludente, baseada em provas, nas qual o único objetivo é
apontar acertos e erros. Estes, tendem a permanecer sob forma de dificuldades.
É preciso que haja uma ressignificação da avaliação, ou seja, que haja uma migração
para a avaliação mediadora. Esta consiste em avaliar no decorrer de todo o
processo de ensino e aprendizagem e requer instrumentos variados. O erro deve
ser visto como algumas hipóteses para a solução de problemas que não foram
adequadas. Para tanto, é preciso um ambiente livre de tensões e limitações que
favoreça as tentativas de conquista do saber. É mediante dessas tentativas que
o professor consegue analisar as relações estabelecidas em termos de lógica,
raciocínio, enfim todo o desenvolvimento do pensamento, presente nas soluções
apontadas pelo o aluno.
Costa (2011) cita Hoffmann
(2003) e diz que o professor deve acompanhar as tarefas realizadas pelo aluno
no decorrer de todo o processo de ensino e aprendizagem e que o erro deve ser
transformado em pesquisa e reflexão sobre as atividades apresentadas pelo
aluno, anotando respostas diferentes, questões não respondidas, registrando-se
relações apresentadas por ele. O autor assinala que as respostas erradas dos
alunos devem ser utilizadas pelo professor para fazer novas perguntas a partir
de suas hipóteses de solução e como argumento para discussões em sala de aula. Dessa
forma, o professor está mais atento e compreensivo em relação à construção do
conhecimento do aluno.
Assim, o erro se
constitui numa forma de (re)ver o processo de ensino-aprendizagem tendo como
decorrência uma transformação na ação avaliativa tendo como resultado uma aprendizagem
significativa.
REFERÊNCIA:
COSTA, Luciélio Marinho da. O
PROCESSO DA AVALIAÇÃO NO ENSINO E NA APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA. In: ASSIS,
José Gomes de. (Org.). Licenciatura em Matemática a Distância. 1ª ed. João
Pessoa: Editora Universitária UFPB, 2011. V. 08, p. 116 – 127.
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