I –
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como
objetivos: Levar o professor e/ou futuro professor a compreender a influência
da sociedade capitalista no processo de ensino, em especial nas escolas
públicas brasileiras; Proporcionar a base necessária ao professor e/ou futuro
professor para elaborar um planejamento
de ensino compatível com os interesses das crianças e jovens, pertencentes a
classe majoritária da sociedade capitalista.
II –
DESENVOLVIMENTO
Desde os primórdios da humanidade os seres humanos
travam relações recíprocas diante da necessidade de trabalharem conjuntamente
para garantir a sobrevivência.
No decorrer do tempo essas relações vão se
transformando, criando novas necessidades, novas formas de organização e em
especial uma divisão de trabalho de acordo com sexo, idade, ocupações,
existindo assim uma distribuição das atividades entre os envolvidos no processo
de trabalho.
Na história da sociedade, nem sempre houve uma
igualdade na distribuição dos produtos do trabalho. Cada vez mais aumenta a
distribuição desigual dos indivíduos em diferentes atividades, bem como do
produto dessas atividades. Devido a isso vai surgindo nas relações sociais a
desigualdade econômica e de classes.
Na sociedade escravista, os meios de trabalho e o
próprio trabalhador (escravo) são propriedades dos donos da terra. Na sociedade
feudal, os trabalhadores (servos) são obrigados a trabalhar sem remuneração nas
terras do senhor feudal ou a pagar-lhes tributos.
Atualmente a sociedade é dividida em classes, de um
lado, os capitalistas, proprietários dos meios de produção (empresas, maquinas,
bancos, instrumentos de trabalho, etc.) e de outro, os trabalhadores que vendem
a sua força de trabalho para obter os meios de sua subsistência), ocupando, lugares
opostos e antagônicos no processo de produção.
Assim, os donos dos meios de produção retiram seus
lucros da exploração do trabalho da classe trabalhadora. Esta é composta de
aproximadamente 70% da população brasileira. A remuneração recebida por esses
trabalhadores não atende as suas necessidade básicas e é totalmente excluída de
suas necessidades culturais.
A classe minoritária além de ser detentora dos bens
materiais, ela também retém os meios de produção cultural e de sua difusão,
tendendo colocá-la a serviço dos seus interesses, ideias, valores, praticas sobre
a vida, o trabalho, as relações humanas, através das escolas, as igrejas, as ageências
de formação profissional e dos meios de comunicação de massa.
Detentora de todo esse patrimônio material e
cultural, a minoria dominante oferece a população majoritária uma
educação deficiente nas escolas publicas, objetivando prepará-los para o
trabalho físico e para atitudes conformistas.
A escola pública do passado era organizada para
atender os filhos das famílias das camadas alta e média da sociedade, que,
geralmente, já dispunha de uma preparação familiar anterior para ter êxito nos
estudos. Essa escola proporcionava uma formação geral e intelectual para os
filhos da sociedade elitizada, enquanto os filhos dos menos favorecidos que
conseguiam ter acesso à escola eram preparados para o trabalho físico (para
profissões manuais), com conhecimentos reduzidos e quase nenhuma preocupação
com o desenvolvimento intelectual.
A escola pública de hoje, localizada nos centros e
periferias urbanas das grandes cidades, nas cidades de médio e pequeno porte e
na zona rural atende a um grande contingente de crianças e jovens, filhos de
assalariados, subempregados e parcelas da classe média baixa. E para esses
alunos são transmitidos conteúdos de ensino com poucas modificações dos que
eram ensinados para os filhos dos ricos que outrora estudavam na escola
pública.
Diante de tal constatação é imperativo que a escola publica seja democrática e junto com os
professores possibilite aos aprendizes uma educação geral, intelectual e profissional
mediante a assimilação ativa de conhecimentos científicos e o desenvolvimento
de suas capacidades intelectuais, de modo a estarem preparadas para participar
da vida social (na profissão, na política e na cultura). Para tanto, a escola
deve contribuir para objetivos de formação profissional para a compreensão das
realidades do mundo do trabalho; de formação política para que permita o
exercício ativo da cidadania, a exemplo de participação nas organizações
populares, atitude consciente e crítica no processo eleitoral; de formação
cultural para adquirir uma visão de mundo compatível com os interesses emancipatórios
da população majoritária da sociedade capitalista.
Neste contexto entra em cena o planejamento de
ensino, o foco desse trabalho. Mas antes de mergulharmos nesse tema relevante
para uma educação de qualidade, faremos algumas considerações a respeito do
processo de ensino, bem como dos elementos constitutivos do planejamento de
ensino.
O processo de ensino é um conjunto de atividades organizadas
do professor e dos alunos que tem como resultado o domínio de conhecimentos
sistematizados (conhecimentos e habilidades que vão sendo acumulados pela
experiência social da humanidade), habilidades, hábitos, atitudes, convicções e
o desenvolvimento de capacidades cognoscitivas dos alunos.
Capacidades cognoscitivas ou capacidades
intelectuais são as energias mentais que são ativadas no processo de ensino, em
relação estreita com os conhecimentos.
Exemplos: observação, compreensão, analise e síntese,
generalização, fazer relações entre fatos e ideia.
As capacidades cognoscitivas são desenvolvidas a
medida que são assimilados conhecimentos, habilidades e hábitos.
Os conhecimentos sistematizados correspondem a
conceitos e termos fundamentais das ciências; fatos e fenômenos da ciência e da
atividade cotidiana; leis fundamentais que explicam as propriedades e as
relações entre objetos e fenômenos da realidade; métodos de estudo da ciência e
a história de sua elaboração; problemas existentes no âmbito da pratica social
(contexto econômico, politico, social e cultural do processo de ensino e
aprendizagem) conexos com a matéria.
As habilidades são qualidades intelectuais
necessárias no processo de assimilação de conhecimentos. Os hábitos são modos
de agir relativamente automatizados que tornam mais eficaz o estudo ativo e
independente. Exemplos de hábitos e habilidades intelectuais e sensoriais
motores: observar um fato e extrair conclusões, destacar propriedades e
relações das coisas, dominar procedimentos para resolver exercícios, escrever e
ler, uso adequado dos sentidos, manipulação de objetos e instrumentos.
As atitudes e convicções se referem a modos de agir,
de sentir e de se posicionar frente a tarefas da vida social. Orientam,
portanto, a tomada de posição e as decisões pessoais diante das situações
concretas. Exemplos: os alunos desenvolvem valores e atitudes em relação ao
estudo e ao trabalho, a convivência social, a responsabilidade pelos seus atos,
à preservação da natureza, ao civismo, aos aspectos humanos e sociais dos
conhecimentos científicos.
Os conteúdos de ensino se compõem dos seguintes
elementos: conhecimentos sistematizados; habilidades e hábitos; atitudes e
convicções. Esses elementos convergem para a formação de capacidades
cognoscitivas.
Os elementos que constituem os conteúdos estão
reunidos em torno dos conhecimentos sistematizados.
Os conteúdos escolares se baseiam nas disciplinas
cientificas, de modo que do sistema das ciências resulta as matérias de
ensino. Esta é o elemento de referência
para a elaboração dos objetivos específicos.
Os conteúdos de ensino são organizados em matérias
de ensino e dinamizados pela articulação objetivos-conteúdos-métodos e formas
de organização.
Os métodos são as formas pelas quais os objetivos e
conteúdos se manifestam no processo de ensino. Eles são determinados pela
relação objetivo-conteúdo. São ações do professor pelas quais se organizam as
atividades de ensino e dos alunos para atingir objetivos do trabalho docente em
relação a um conteúdo específico. Eles regulam as formas de interação entre
ensino e aprendizagem, entre o professor e os alunos, cujo resultado é a
assimilação consciente dos conhecimentos e o desenvolvimento das capacidades
cognoscitivas.
Os objetivos explicitam conhecimentos, habilidades e
atitudes, cuja compreensão, assimilação e aplicação por meio de métodos
adequados, devem manifestar-se em resultados obtidos nos exercícios provas,
conversação didática, etc.
Os objetivos
específicos orientam a articulação conteúdo-método. Os objetivos devem ser
recordados em todas as etapas do processo de ensino.
Um aspecto particularmente relevante é a clareza dos
objetivos, pois os alunos precisam saber para que estão trabalhando e no que
estão sendo avaliados.
A avaliação escolar é parte integrante do processo
de ensino e aprendizagem e, não uma tarefa isolada. Há uma exigência de que
seja concatenada com os objetivos-conteúdos-métodos expressos no plano de
ensino e desenvolvidos no decorrer das aulas.
A avaliação deve ter caráter objetivo, capaz de
comprovar os conhecimentos realmente assimilados pelos alunos, de acordo com os
objetivos e os conteúdos trabalhados.
A avaliação escolar é um processo continuo que deve
ocorrer nos mais diferentes momentos do processo de ensino. A verificação e qualificação
dos resultados da aprendizagem no inicio, durante e no final das unidades
didáticas visam sempre diagnosticar e superar dificuldades, corrigir falhas e
estimular os alunos a que continuem dedicando-se aos estudos.
A aprendizagem escolar é um processo de assimilação
de determinados conhecimentos e modos de ação física e mental organizados e
orientados no processo de ensino.
Os resultados da aprendizagem são explicitados
quando o aluno se manifesta em: modificações na sua atividade externa, modificação
na sua atividade interna, nas suas relações com o ambiente físico e social.
.
Esses resultados fazem parte dos objetivos e
conteúdos.
O processo de assimilação ativa, ou seja, o processo
de apropriação dos conhecimentos e habilidades é o processo de percepção,
compreensão, reflexão e aplicação que se desenvolve com os meios intelectuais,
motivacionais e atitudinais do próprio aluno, sob a direção e orientação do
professor.
No processo de ensino são estabelecidos: objetivos,
conteúdos e métodos. No entanto, a assimilação deles e consequência da
atividade mental dos alunos
A aprendizagem é uma relação cognitiva entre o
sujeito e o objeto do conhecimento. Há uma atividade do sujeito em relação aos
objetos de conhecimento para assimilá-los; ao mesmo tempo as propriedades do
objeto atuam no sujeito, modificando e enriquecendo suas atividades mentais.
Por esse processo formam-se conhecimentos e modos de
atuação pelos quais ampliamos a compreensão da realidade para transformá-la,
tenho em vista necessidades e interesses humanos e sociais.
É através do processo de assimilação ativa que se
desenvolve as forças cognoscitivas dos alunos.
Para tanto, é necessário a ação externa do
professor. O que significa a ação
externa do professor? A ação externa do professor ocorre através do ensino e
seus componentes: objetivos, conteúdos, métodos, formas organizativas.
Os alunos dispõem em seu organismo
físico-psicológico de meios internos, chamados de capacidades cognoscitivas;
percepção, motivação, compreensão, memória, atenção, atitudes, conhecimentos já
disponíveis.
A criança não nasce com essas capacidades
cognoscitivas prontas e acabadas. Elas vão se desenvolvendo no decorrer da vida
e particularmente no decorrer do processo de ensino, pois podem ser aprendidas
no processo de assimilação do conhecimento.
Agora,
passaremos a abordar o planejamento de ensino como o norteador do processo de ensino.
Planejamento
de ensino é processo de racionalização, organização e coordenação da ação
docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social.
Há três modalidades de planejamento articulados
entre si: o plano da escola, o plano de ensino e o plano de aulas.
O planejamento é um meio para programar as ações
docentes mediante pesquisa e reflexão, Ele inclui tanto a previsão das
atividades em termos de organização e coordenação em face dos objetivos
propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino.
A seguir elencaremos as funções do planejamento:
·
Explicitar os princípios, diretrizes e
procedimentos do trabalho docente que assegurem a articulação entre as tarefas
da escola e as exigências do contexto social e do processo de participação
democrática;
·
Expressar os vínculos entre o posicionamento
filosófico, político-pedagógico e profissional e as ações efetivas que o
professor irá realizar na sala de aula, através de objetivos, conteúdos,
métodos e formas organizativas de ensino;
·
Assegurar a racionalização, organização e
coordenação do trabalho docente, de modo que a previsão das ações docentes
possibilite ao professor a realização de um ensino de qualidade e evite a
improvisação e a rotina;
·
Prever objetivos, conteúdos e métodos a partir
da consideração das exigências postas pela realidade social, do nível de
preparo e das condições sócio-culturais e individuais dos alunos;
·
Assegurar a unidade e a coerência do trabalho
docente, uma vez que torna possível inter-relacionar, num plano, os elementos
que compõem o processo de ensino: os objetivos (para que ensinar), os conteúdos
(o que ensinar), os alunos e suas possibilidades (a quem ensinar), os métodos e
técnicas (como ensinar) e avaliação que está intimamente relacionada aos
demais;
·
Atualizar o conteúdo do plano sempre que for
preciso, aperfeiçoando-o em relação aos progressos feitos no campo de
conhecimentos, adequando-os às condições de aprendizagens dos alunos, aos
métodos, técnicas e recursos de ensino que vão sendo incorporados nas experiências
do cotidiano;
·
Facilitar a preparação das aulas: selecionar o
material didático em tempo hábil, saber que tarefas professor e alunos devem
executar. Replanejar o trabalho frente a novas situações que aparecem no
decorrer das aulas.
Para que os planos sejam efetivamente instrumentos
para a ação, devem ser como guia de
orientação e devem apresentar ordem sequencial,
objetividade, coerência, flexibilidade.
Com o intuito de uma maior compreensão do parágrafo
anterior achamos conveniente abordar alguns conceitos. Vejamos:
·
O
Planejamento de ensino como guia de orientação significa
dizer que nele são estabelecidas as diretrizes e os meios do trabalho docente. Por
ser um guia de orientação, ele não deve ser rígido e absoluto, tendo em vista o
processo de ensino está sempre em movimento. As coisas nem sempre ocorrem exatamente como
foram planejadas, em especial nos planos de ensino e nos planos de aula.
·
O planejamento de ensino deve ter uma ordem sequencial, progressiva. Para
alcançar os objetivos, são necessários vários passos para que a ação docente obedeça
a uma sequência lógica. O ideal é que ocorra dessa forma, no entanto, os
passos, na prática, podem ser invertidos;
·
No planejamento de ensino devemos considerar
a objetividade, ou seja, fazer a
correspondência do plano com a realidade à que se vai aplicar.
·
O planejamento de ensino deverá ter coerência entre os objetivos gerais, os
objetivos específicos, conteúdos, métodos e avaliação. Coerência é a relação que deve existir entre as ideias e a
prática. É também a ligação lógica entre os componentes do plano. Abaixo
destacaremos alguns exemplos de coerência:
ü Se
idealizamos nos objetivos gerais que
a finalidade do trabalho docente é ensinar o aluno a pensar, a desenvolver as
suas capacidades intelectuais deveremos organizar os conteúdos e os métodos de
ensino de acordo com o que proposto em tais objetivos;
ü Ao
estabelecermos objetivos específicos da matéria, a cada objetivo deve
corresponder conteúdos e métodos compatíveis;
ü Se
queremos autonomia de pensamento, capacidade de raciocínio, devemos planejar
atividades para que os alunos possam desenvolver efetivamente, atividade, esses
propósitos;
ü Para
que haja consolidação dos conhecimentos devemos fazer várias formas de
avaliação de aprendizagem no decorrer de todo o processo de ensino e não apenas
a prova bimestral;
ü A
flexibilidade do planejamento de ensino - no decorrer do ano letivo, o
professor está sempre organizado e reorganizando o seu trabalho, porque a
relação pedagógica está sujeita a condições concretas, a realidade está sempre
em movimento, de forma que o plano está sempre sujeito a alterações.
Os principais requisitos para o planejamento são: os objetivos e tarefas da escola
democrática, as exigências dos planos e programas oficiais; as condições prévias
dos alunos para a aprendizagem; os princípios e as condições do processo de
transmissão e assimilação ativa dos conteúdos.
As instâncias superiores de ensino a nível nacional que
constituem o poder público têm a responsabilidade de elaborar os planos e
programas oficiais de instrução – que são diretrizes gerais, documentos de
referências. Esses programas oficiais tem um caráter democrático, pois possuem
um núcleo comum de conhecimentos escolares a fim de garantir a unidade cultural
e política da nação, pois asseguram a todos os brasileiros, sem discriminação
de classes sociais e de regiões, o direito e acesso a conhecimentos básicos
comuns. Esses documentos são reelaborados e organizados pelos estados e
municípios visando atender as diversidades regionais e locais
Esses documentos oficiais são referências para a
escola e os professores elaborarem seus planos específicos, seus próprios
planos, selecionado os conteúdos, os métodos e meios de organização do ensino,
em face das peculiaridades de cada região, de cada escola e das
particularidades e condições de aproveitamento escolar dos alunos.
A seguir abordaremos a função do plano da escola, o
plano de ensino, o plano de aula:
O plano da
escola é um documento mais global; expressa orientações gerais que
sintetizam, de um lado, as ligações da escola com o sistema escolar mais amplo
e, de outro, as ligações do projeto pedagógico da escola com os planos de
ensino propriamente ditos. O plano de escola é um plano pedagógico e
administrativo que serve como guia de orientação para o planejamento e trabalho
docente.
Os passos para a realização de um plano da escola
são:
ü Posicionamento
sobre as finalidades da educação escolar na sociedade e na escola;
ü Bases teórico-metodológicas da organização didática
e administrativa (o tipo de homem que queremos formar; as tarefas da educação
geral, o significado pedagógico-didático do trabalho docente, as teorias do
ensino e da aprendizagem, as relações entre o ensino e o desenvolvimento das
capacidades intelectuais dos alunos);
ü Caracterização
econômica, social, política e cultural do contexto em que a escola está
inserida (panorama geral do contexto, aspectos principais desse contexto que
incidem no processo ensino-aprendizagem);
ü Características
sócio-culturais dos alunos (origem social e condições materiais de vida,
aspectos culturais a exemplo de concepções de mundo, práticas de criação e
educação das crianças, motivações e expectativas profissionais, linguagem,
recreação, meios de comunicação, características psicológicas de cada faixa
etária em termos de aprendizagem e desenvolvimento);
ü Objetivos
educacionais gerais da escola (aquisição de conhecimentos e habilidades,
capacidades a serem desenvolvidas, atitudes e convicções);
ü Diretrizes
gerais para a elaboração do plano de ensino (sistemas de matéria – estrutura
curricular, critérios de seleção de objetivos e conteúdos, diretrizes
metodológicas gerais e formas de organização de ensino, sistemática de
avaliação;
ü Diretrizes
quanto à organização e à administração (estrutura organizacional da escola,
atividades coletivas do corpo docente (reuniões pedagógicas, conselho de
classe, atividades comuns), calendário e horário escolar, sistema de organização
de classes, sistema de acompanhamento e aconselhamento dos alunos, sistema de
trabalho com os pais, atividades extra-classe, biblioteca, grêmio estudantil,
esportes festas, recreação, visitas a instituições e locais da cidade);
ü Sistema
de aperfeiçoamento profissional do pessoal docente e administrativo;
ü Normas
gerais de funcionamento da vida coletiva: relações internas na escola e na sala
de aula.
·
O plano
de ensino também conhecido como plano de unidades didáticas e plano de
curso. É um roteiro organizado das
unidades didáticas previstas para o ano ou o semestre.
O plano de ensino contém os seguintes componentes: Justificativa
da disciplina em relação aos objetivos da escola; objetivos gerais, objetivos
específicos, conteúdo (com a divisão temática de cada unidade) tempo possível e
desenvolvimento metodológico (atividades do professor e dos alunos),
bibliografia do professor e o livro adotado para estudo dos alunos.
A justificativa
da disciplina responderá a três questões básicas do processo didático: O por
quê, o para que e o como. A justificativa deve responder a seguinte pergunta: qual
a importância e o papel da matéria de ensino no desenvolvimento das capacidades
cognoscitivas dos alunos? Dizendo de outro jeito, para que serve ensinar tal
matéria?
A justificativa pode ter uma ou mais páginas e tem
início fazendo as considerações sobre as funções sociais e pedagógicas da
educação escolar na sociedade, tendo em vista explicitar os objetivos que
desejamos alcançar no trabalho docente com os alunos.
Posteriormente descreve-se brevemente os conteúdos
básicos da disciplina para indicar o que serve e o que vai ensinar. Dessa
forma, vão sendo definidos os objetivos prioritários, tendo em vista a sua
relevância social, política, profissional e cultural. Por fim explicitam-se as formas metodológicas
para atingir os objetivos com base nos princípios didáticos gerais e no método
próprio de cada disciplina visando a assimilação ativa dos conhecimentos e
desenvolvimento das capacidades cognoscitivas dos alunos.
Para que possamos definir objetivos específicos - resultados
esperados da aquisição de conhecimentos e habilidade ainda que fixados de
antemão- devemos delimitar os conteúdos por unidades didáticas – temas
inter-relacionados que compõem o plano de ensino para uma série, sendo que cada
unidade didática possui um tema central do programa, detalhado em tópicos – com
a divisão temática de cada uma.
O
procedimento mais simples de organização do conjunto de unidades didáticas do
plano é o seguinte:
ü Tendo
em mente sua concepção de educação e escola, seu posicionamento sobre os
objetivos sociais e pedagógicos do processo de ensino e, ainda, seu
posicionamento e conhecimento em relação à disciplina que leciona, o professor
começa a elaborar o programa. Para isso, deve consultar o programa oficial da
matéria ( recomendado pelo estado ou município), o livro didático escolhido e
outros materiais de consulta;
ü O
programa ou conteúdos para a série é inicialmente dividido em unidades
didáticas (como se fossem capítulos de um livro), cada uma com seus respectivos
tópicos. A primeira versão é o levantamento geral dos temas que podem ser
trabalhados. Uma segunda versão será necessária para adequar o programa ao
nível de prepara dos alunos, às condições concretas de desenvolvimento das
aulas, aos objetivos gerais do ensino da matéria, à continuidade do programa
desenvolvido na série anterior e, finalmente, ao tempo disponível;
ü Concluída
a segunda versão, o professor terá um conjunto de unidades didáticas para um
ano ou semestre e o número de aulas para cada uma. Fará então uma última
checagem para verificar: se as unidades forma um todo homogêneo e lógico, se as
unidades realmente contém o conteúdo básico essencial em relação às condições
de aprendizagem dos alunos e à exigência de consolidação da matéria assimilada;
ü Se
os tópicos de cada unidade realmente possibilitam o entendimento da ideia
central contida nessa unidade;
ü Se
os tópicos de cada unidade podem ser transformados em tarefas de estudo para os
alunos e em objetivos de conhecimentos e habilidades.
Quanto mais
cuidadosamente for formulado o conjunto de unidades, mais facilmente o
professor poderá extrair delas os objetivos específicos, os métodos e
procedimentos de ensino.
Alguns verbos que podem ser utilizados para elaborar
operações metais simples: definir, listar, identificar, reconhecer, usar,
aplicar, reproduzir e para operações mentais mais complexas: comparar,
relacionar, analisar, justificar, diferenciar.
Outros verbos que ajudam o professor a explicitar
com maior precisão a atividade de estudo dos alunos: apontar, localizar,
desenhar, nomear, destacar, distinguir, demonstrar, classificar, utilizar,
organizar, listar, mencionar, formular.
Há ainda os objetivos formativos, que são os
referentes a atitudes, convicções e valores. Há expectativas do professor que
os alunos vão formando traços de personalidade e de caráter, que tenham uma
postura diante da vida, que formem atitudes positivas em relação ao estudo etc.
tais expectativas podem ser transformadas em objetivos, mas o professor deve
ter em mente que eles não se alcançam de imediato e sua comprovação não pode
ser constatada objetivamente, são projeções futuras de objetivos cuja
consecução se vai dando ao longo do processo, inclusive com a cooperação de
todos os demais professores.
O desenvolvimento metodológico dará vida aos
objetivos e conteúdos. Indica o que o professor e os alunos farão no desenrolar
de uma aula ou conjunto de aulas. A função deste componente do plano de ensino,
é articular objetivos e conteúdos com métodos e procedimentos
de ensino que provoquem a atividade mental e prática dos alunos
A primeira atividade é verificar os objetivos e a
matéria a ser ensinada, pois eles determinarão os métodos e procedimentos bem
como os recursos de ensino a lançar mão. Em seguida devem ser especificadas as
ações docentes e discentes (do professor e do aluno) correspondentes a cada
passo de uma aula ou conjunto de aulas (Introdução,
desenvolvimento e aplicação)
As atividades desta fase podem ser: conversação
dirigida sobre; perguntas sobre; observação de demonstração do tema através de
ilustrações (jornais, objetos, cartazes, revistas, gráficos), leitura
individual de um texto.
As atividades podem ser: exposição oral pelo
professor, conversação, trabalho independente dos alunos, estudo dirigido,
exercícios de compreensão de texto, trabalho em grupos, exercícios de solução
de problemas.
Convém lembrar que em qualquer atividade escolhida
esteja presente a ideia dominante (a pergunta central) da unidade.
O professor deve citar as atividades e mencionar o
conteúdo das atividades.
·
O
plano de aula é a previsão do desenvolvimento do
conteúdo para uma aula ou conjunto de aulas e tem um caráter específico.
O plano de aula é um detalhamento do plano de
ensino. As unidades e subunidades (tópicos) que foram previstas em linhas gerais
são agora especificadas e sistematizadas para uma situação real.
Na elaboração do plano de aula, deve-se levar em
consideração, em primeiro lugar, que a aula é um período de tempo variável.
Dificilmente completamos numa só aula o
desenvolvimento de uma unidade ou tópico de unidade, pois o processo de ensino
e aprendizagem se compõe de uma sequência articulada de fases: preparação e
apresentação de objetivos, conteúdos e tarefas, desenvolvimento da matéria
nova, consolidação, aplicação, avaliação.
Isso significa que devemos planejar não uma aula,
mas um conjunto de aulas.
Na preparação de aulas, o professor deve reler os
objetivos gerias da matéria e a sequência dos conteúdos do plano de ensino.
Não pode esquecer que cada tópico novo é uma
continuidade do anterior; é necessário assim, considerar o nível de preparação
inicial dos alunos para a matéria nova.
Trata-se de organizar um conjunto de noções básicas
em torno de uma ideia central, formando um todo significativo que possibilite
ao aluno uma percepção clara e coordenada do assunto em questão.
Ao mesmo tempo em que são listadas as noções,
conceitos, ideias e problemas, é feita a previsão do tempo, nessa fase ainda
não é definitiva, pois poderá ser alterada no momento de detalhar o
desenvolvimento metodológico da aula.
Em relação a cada tópico, o professor redigirá um ou
mais objetivos específicos, tendo em conta os resultados esperados da
assimilação de conhecimentos e habilidades.
O desenvolvimento metodológico será desdobrado nos
seguintes itens, para cada assunto novo: preparação e introdução do assunto,
desenvolvimento e estudo ativo do assunto, sistematização e aplicação.
O desenvolvimento metodológico será desdobrado nos
seguintes itens, para cada assunto novo:
·
Preparação e introdução do assunto;
·
Desenvolvimento e estudo ativo do
assunto;
·
Sistematização e aplicação; tarefas de
casa.
Em
cada um dos itens mencionados, o professor deve prever formas de verificação do
rendimento dos alunos.
Precisa lembrar que a avaliação é feita no início (
o que o aluno sabe antes do desenvolvimento da matéria nova), durante e no
final de uma unidade didática,
A avaliação deve conjugar várias formas de
verificação, podendo ser: Informal, para fins de diagnóstico e acompanhamento
dos alunos; Formal, para fins de atribuição de notas ou conceitos.
Os momentos didáticos do desenvolvimento
metodológico não são rígidos. Cada momento terá duração de tempo de acordo com
o conteúdo, com o nível de assimilação dos alunos.
Às vezes ocupar-se-á mais tempo com a exposição oral
da matéria, em outras, com o estudo da
matéria. Outras vezes, ainda, tempo maior pode ser dedicado a exercícios de
fixação (consolidação).
Por exemplo, pode acontecer que os alunos dominem
perfeitamente os conhecimentos e habilidades necessários para enfrentar a
matéria nova; nesse caso, a preparação e introdução do tema pode ser mais
breve. Entretanto, se os alunos não dispõem de pré-requisitos bem consolidados,
a decisão do professor deve ser outra, gastando-se mais tempo para garantir a
base inicial de preparo através da recapitulação, pré-teste de sondagem,
exercícios.
No desenvolvimento metodológico pode-se destacar
aulas com finalidades específicas: aula de exposição oral; aula de discussão ou
de trabalho em grupo; aula de estudo dirigido individual; aula de demonstração
prática ou estudo do meio; aula de exercícios; aula de recapitulação; aula de
verificação para avaliação.
O professor deverá fazer uma avaliação da própria
aula.
O êxito dos alunos não depende unicamente do
professor e de seu método de trabalho, pois a situação docente envolve muitos
fatores de natureza social, psicológica, o clima geral da dinâmica da escola
etc.
Entretanto, o trabalho docente tem um peso
significativo ao proporcionar condições efetivas para o êxito escolar dos
alunos.
Ao fazer a avaliação, convém ainda levantar questões
como estas:
Os
objetivos e conteúdos foram adequados à turma?
·
O tempo de duração da aula foi adequado?
·
Os métodos e técnicas de ensino foram
variados e oportunos para suscitar a atividade mental e prática dos alunos?
·
Foram feitas verificações de
aprendizagem no decorrer das aulas (informais e formais)?
·
O relacionamento professor-aluno foi
satisfatório?
·
Houve uma organização segura das
atividades, de modo a ter garantido um clima de trabalho favorável?
·
Os alunos realmente consolidaram a
matéria, num grau suficiente para introduzir matéria nova?
·
Foram propiciadas tarefas de estudo
ativo e independentes dos alunos?
É importante destacar que a cada etapa do processo
de ensino o professor faça registros tanto no plano de ensino quanto no plano
de aulas de novos conhecimentos, novas experiências. Agindo dessa forma, o
professor está fazendo uso do planejamento como oportunidade de reflexão e
avaliação de sua prática, além de suavizar o seu trabalho, uma vez que não
precisa, a cada ano ou semestre. Começar tudo do marco zero.
IIIII
– CONSIDERAÇÕES FINAIS
Fazer este estudo sobre o
Planejamento de Ensino nos fez compreender que o contexto social, político,
econômico e cultural da sociedade capitalista, influi diretamente no processo
de ensino, em especial nas Escolas Públicas, nas quais se encontram crianças e
jovens pertencentes à população majoritária da sociedade brasileira, recebendo
uma educação, de baixa qualidade. Neste contexto, está nas mãos do professor
e/ou futuro professor a responsabilidade em proporcionar uma educação de
qualidade, sendo o Planejamento de Ensino, da forma como apresentamos, um
poderoso instrumento para que isso aconteça.
IV – REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
LIBÃNEO,
José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez,
1994.
.
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