segunda-feira, 31 de agosto de 2015

PLANEJAMENTO DE ENSINO

I – INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivos: Levar o professor e/ou futuro professor a compreender a influência da sociedade capitalista no processo de ensino, em especial nas escolas públicas brasileiras; Proporcionar a base necessária ao professor e/ou futuro professor  para elaborar um planejamento de ensino compatível com os interesses das crianças e jovens, pertencentes a classe majoritária da sociedade capitalista.





II – DESENVOLVIMENTO

Desde os primórdios da humanidade os seres humanos travam relações recíprocas diante da necessidade de trabalharem conjuntamente para garantir a sobrevivência.
No decorrer do tempo essas relações vão se transformando, criando novas necessidades, novas formas de organização e em especial uma divisão de trabalho de acordo com sexo, idade, ocupações, existindo assim uma distribuição das atividades entre os envolvidos no processo de trabalho.
Na história da sociedade, nem sempre houve uma igualdade na distribuição dos produtos do trabalho. Cada vez mais aumenta a distribuição desigual dos indivíduos em diferentes atividades, bem como do produto dessas atividades. Devido a isso vai surgindo nas relações sociais a desigualdade econômica e de classes.
Na sociedade escravista, os meios de trabalho e o próprio trabalhador (escravo) são propriedades dos donos da terra. Na sociedade feudal, os trabalhadores (servos) são obrigados a trabalhar sem remuneração nas terras do senhor feudal ou a pagar-lhes tributos.
Atualmente a sociedade é dividida em classes, de um lado, os capitalistas, proprietários dos meios de produção (empresas, maquinas, bancos, instrumentos de trabalho, etc.) e de outro, os trabalhadores que vendem a sua força de trabalho para obter os meios de sua subsistência), ocupando, lugares opostos e antagônicos no processo de produção.
Assim, os donos dos meios de produção retiram seus lucros da exploração do trabalho da classe trabalhadora. Esta é composta de aproximadamente 70% da população brasileira. A remuneração recebida por esses trabalhadores não atende as suas necessidade básicas e é totalmente excluída de suas necessidades culturais.
A classe minoritária além de ser detentora dos bens materiais, ela também retém os meios de produção cultural e de sua difusão, tendendo colocá-la a serviço dos seus interesses, ideias, valores, praticas sobre a vida, o trabalho, as relações humanas, através das escolas, as igrejas, as ageências de formação profissional e dos meios de comunicação de massa.
Detentora de todo esse patrimônio material e cultural, a minoria dominante oferece a população majoritária uma educação deficiente nas escolas publicas, objetivando prepará-los para o trabalho físico e para atitudes conformistas.
A escola pública do passado era organizada para atender os filhos das famílias das camadas alta e média da sociedade, que, geralmente, já dispunha de uma preparação familiar anterior para ter êxito nos estudos. Essa escola proporcionava uma formação geral e intelectual para os filhos da sociedade elitizada, enquanto os filhos dos menos favorecidos que conseguiam ter acesso à escola eram preparados para o trabalho físico (para profissões manuais), com conhecimentos reduzidos e quase nenhuma preocupação com o desenvolvimento intelectual.
A escola pública de hoje, localizada nos centros e periferias urbanas das grandes cidades, nas cidades de médio e pequeno porte e na zona rural atende a um grande contingente de crianças e jovens, filhos de assalariados, subempregados e parcelas da classe média baixa. E para esses alunos são transmitidos conteúdos de ensino com poucas modificações dos que eram ensinados para os filhos dos ricos que outrora estudavam na escola pública.
Diante de tal constatação é imperativo que a escola  publica seja democrática e junto com os professores possibilite aos aprendizes uma educação geral, intelectual e profissional mediante a assimilação ativa de conhecimentos científicos e o desenvolvimento de suas capacidades intelectuais, de modo a estarem preparadas para participar da vida social (na profissão, na política e na cultura). Para tanto, a escola deve contribuir para objetivos de formação profissional para a compreensão das realidades do mundo do trabalho; de formação política para que permita o exercício ativo da cidadania, a exemplo de participação nas organizações populares, atitude consciente e crítica no processo eleitoral; de formação cultural para adquirir uma visão de mundo compatível com os interesses emancipatórios da população majoritária da sociedade capitalista.
Neste contexto entra em cena o planejamento de ensino, o foco desse trabalho. Mas antes de mergulharmos nesse tema relevante para uma educação de qualidade, faremos algumas considerações a respeito do processo de ensino, bem como dos elementos constitutivos do planejamento de ensino.
O processo de ensino é um conjunto de atividades organizadas do professor e dos alunos que tem como resultado o domínio de conhecimentos sistematizados (conhecimentos e habilidades que vão sendo acumulados pela experiência social da humanidade), habilidades, hábitos, atitudes, convicções e o desenvolvimento de capacidades cognoscitivas dos alunos.
Capacidades cognoscitivas ou capacidades intelectuais são as energias mentais que são ativadas no processo de ensino, em relação estreita com os conhecimentos.
Exemplos: observação, compreensão, analise e síntese, generalização, fazer relações entre fatos e ideia.
As capacidades cognoscitivas são desenvolvidas a medida que são assimilados conhecimentos, habilidades e hábitos.
Os conhecimentos sistematizados correspondem a conceitos e termos fundamentais das ciências; fatos e fenômenos da ciência e da atividade cotidiana; leis fundamentais que explicam as propriedades e as relações entre objetos e fenômenos da realidade; métodos de estudo da ciência e a história de sua elaboração; problemas existentes no âmbito da pratica social (contexto econômico, politico, social e cultural do processo de ensino e aprendizagem) conexos com a matéria.
As habilidades são qualidades intelectuais necessárias no processo de assimilação de conhecimentos. Os hábitos são modos de agir relativamente automatizados que tornam mais eficaz o estudo ativo e independente. Exemplos de hábitos e habilidades intelectuais e sensoriais motores: observar um fato e extrair conclusões, destacar propriedades e relações das coisas, dominar procedimentos para resolver exercícios, escrever e ler, uso adequado dos sentidos, manipulação de objetos e instrumentos.
As atitudes e convicções se referem a modos de agir, de sentir e de se posicionar frente a tarefas da vida social. Orientam, portanto, a tomada de posição e as decisões pessoais diante das situações concretas. Exemplos: os alunos desenvolvem valores e atitudes em relação ao estudo e ao trabalho, a convivência social, a responsabilidade pelos seus atos, à preservação da natureza, ao civismo, aos aspectos humanos e sociais dos conhecimentos científicos.
Os conteúdos de ensino se compõem dos seguintes elementos: conhecimentos sistematizados; habilidades e hábitos; atitudes e convicções. Esses elementos convergem para a formação de capacidades cognoscitivas.
Os elementos que constituem os conteúdos estão reunidos em torno dos conhecimentos sistematizados.
Os conteúdos escolares se baseiam nas disciplinas cientificas, de modo que do sistema das ciências resulta as matérias de ensino.  Esta é o elemento de referência para a elaboração dos objetivos específicos.
Os conteúdos de ensino são organizados em matérias de ensino e dinamizados pela articulação objetivos-conteúdos-métodos e formas de organização.
Os métodos são as formas pelas quais os objetivos e conteúdos se manifestam no processo de ensino. Eles são determinados pela relação objetivo-conteúdo. São ações do professor pelas quais se organizam as atividades de ensino e dos alunos para atingir objetivos do trabalho docente em relação a um conteúdo específico. Eles regulam as formas de interação entre ensino e aprendizagem, entre o professor e os alunos, cujo resultado é a assimilação consciente dos conhecimentos e o desenvolvimento das capacidades cognoscitivas.
Os objetivos explicitam conhecimentos, habilidades e atitudes, cuja compreensão, assimilação e aplicação por meio de métodos adequados, devem manifestar-se em resultados obtidos nos exercícios provas, conversação didática, etc.
 Os objetivos específicos orientam a articulação conteúdo-método. Os objetivos devem ser recordados em todas as etapas do processo de ensino.
Um aspecto particularmente relevante é a clareza dos objetivos, pois os alunos precisam saber para que estão trabalhando e no que estão sendo avaliados.
A avaliação escolar é parte integrante do processo de ensino e aprendizagem e, não uma tarefa isolada. Há uma exigência de que seja concatenada com os objetivos-conteúdos-métodos expressos no plano de ensino e desenvolvidos no decorrer das aulas.
A avaliação deve ter caráter objetivo, capaz de comprovar os conhecimentos realmente assimilados pelos alunos, de acordo com os objetivos e os conteúdos trabalhados.
A avaliação escolar é um processo continuo que deve ocorrer nos mais diferentes momentos do processo de ensino. A verificação e qualificação dos resultados da aprendizagem no inicio, durante e no final das unidades didáticas visam sempre diagnosticar e superar dificuldades, corrigir falhas e estimular os alunos a que continuem dedicando-se aos estudos.
A aprendizagem escolar é um processo de assimilação de determinados conhecimentos e modos de ação física e mental organizados e orientados no processo de ensino.
Os resultados da aprendizagem são explicitados quando o aluno se manifesta em: modificações na sua atividade externa, modificação na sua atividade interna, nas suas relações com o ambiente físico e social.
.
Esses resultados fazem parte dos objetivos e conteúdos.
O processo de assimilação ativa, ou seja, o processo de apropriação dos conhecimentos e habilidades é o processo de percepção, compreensão, reflexão e aplicação que se desenvolve com os meios intelectuais, motivacionais e atitudinais do próprio aluno, sob a direção e orientação do professor.
No processo de ensino são estabelecidos: objetivos, conteúdos e métodos. No entanto, a assimilação deles e consequência da atividade mental dos alunos
A aprendizagem é uma relação cognitiva entre o sujeito e o objeto do conhecimento. Há uma atividade do sujeito em relação aos objetos de conhecimento para assimilá-los; ao mesmo tempo as propriedades do objeto atuam no sujeito, modificando e enriquecendo suas atividades mentais.
Por esse processo formam-se conhecimentos e modos de atuação pelos quais ampliamos a compreensão da realidade para transformá-la, tenho em vista necessidades e interesses humanos e sociais.
É através do processo de assimilação ativa que se desenvolve as forças cognoscitivas dos alunos.
Para tanto, é necessário a ação externa do professor.  O que significa a ação externa do professor? A ação externa do professor ocorre através do ensino e seus componentes: objetivos, conteúdos, métodos, formas organizativas.
Os alunos dispõem em seu organismo físico-psicológico de meios internos, chamados de capacidades cognoscitivas; percepção, motivação, compreensão, memória, atenção, atitudes, conhecimentos já disponíveis.
A criança não nasce com essas capacidades cognoscitivas prontas e acabadas. Elas vão se desenvolvendo no decorrer da vida e particularmente no decorrer do processo de ensino, pois podem ser aprendidas no processo de assimilação do conhecimento.
 Agora, passaremos a abordar o planejamento de ensino como o  norteador do processo de ensino.
Planejamento de ensino é processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social.
Há três modalidades de planejamento articulados entre si: o plano da escola, o plano de ensino e o plano de aulas.
O planejamento é um meio para programar as ações docentes mediante pesquisa e reflexão, Ele inclui tanto a previsão das atividades em termos de organização e coordenação em face dos objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino.
A seguir elencaremos as funções do planejamento:
·        Explicitar os princípios, diretrizes e procedimentos do trabalho docente que assegurem a articulação entre as tarefas da escola e as exigências do contexto social e do processo de participação democrática;
·         Expressar os vínculos entre o posicionamento filosófico, político-pedagógico e profissional e as ações efetivas que o professor irá realizar na sala de aula, através de objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas de ensino;
·         Assegurar a racionalização, organização e coordenação do trabalho docente, de modo que a previsão das ações docentes possibilite ao professor a realização de um ensino de qualidade e evite a improvisação e a rotina;
·         Prever objetivos, conteúdos e métodos a partir da consideração das exigências postas pela realidade social, do nível de preparo e das condições sócio-culturais e individuais dos alunos;
·         Assegurar a unidade e a coerência do trabalho docente, uma vez que torna possível inter-relacionar, num plano, os elementos que compõem o processo de ensino: os objetivos (para que ensinar), os conteúdos (o que ensinar), os alunos e suas possibilidades (a quem ensinar), os métodos e técnicas (como ensinar) e avaliação que está intimamente relacionada aos demais;
·         Atualizar o conteúdo do plano sempre que for preciso, aperfeiçoando-o em relação aos progressos feitos no campo de conhecimentos, adequando-os às condições de aprendizagens dos alunos, aos métodos, técnicas e recursos de ensino que vão sendo incorporados nas experiências do cotidiano;
·         Facilitar a preparação das aulas: selecionar o material didático em tempo hábil, saber que tarefas professor e alunos devem executar. Replanejar o trabalho frente a novas situações que aparecem no decorrer das aulas.
Para que os planos sejam efetivamente instrumentos para a ação, devem ser como guia de orientação e devem apresentar ordem sequencial, objetividade, coerência, flexibilidade.
Com o intuito de uma maior compreensão do parágrafo anterior achamos conveniente abordar alguns conceitos. Vejamos:
·         O Planejamento de ensino como guia de orientação significa dizer que nele são estabelecidas as diretrizes e os meios do trabalho docente. Por ser um guia de orientação, ele não deve ser rígido e absoluto, tendo em vista o processo de ensino está sempre em movimento.  As coisas nem sempre ocorrem exatamente como foram planejadas, em especial nos planos de ensino e nos planos de aula.
·         O planejamento de ensino deve ter uma ordem sequencial, progressiva. Para alcançar os objetivos, são necessários vários passos para que a ação docente obedeça a uma sequência lógica. O ideal é que ocorra dessa forma, no entanto, os passos, na prática, podem ser invertidos;
·         No planejamento de ensino devemos considerar a objetividade, ou seja, fazer a correspondência do plano com a realidade à que se vai aplicar.
·         O planejamento de ensino deverá ter coerência entre os objetivos gerais, os objetivos específicos, conteúdos, métodos e avaliação. Coerência é a relação que deve existir entre as ideias e a prática. É também a ligação lógica entre os componentes do plano. Abaixo destacaremos alguns exemplos de coerência:
ü  Se idealizamos nos objetivos gerais que a finalidade do trabalho docente é ensinar o aluno a pensar, a desenvolver as suas capacidades intelectuais deveremos organizar os conteúdos e os métodos de ensino de acordo com o que proposto em tais objetivos;
ü  Ao estabelecermos objetivos específicos da matéria, a cada objetivo deve corresponder conteúdos e métodos compatíveis;
ü  Se queremos autonomia de pensamento, capacidade de raciocínio, devemos planejar atividades para que os alunos possam desenvolver efetivamente, atividade, esses propósitos;
ü  Para que haja consolidação dos conhecimentos devemos fazer várias formas de avaliação de aprendizagem no decorrer de todo o processo de ensino e não apenas a prova bimestral;
ü  A flexibilidade do planejamento de ensino - no decorrer do ano letivo, o professor está sempre organizado e reorganizando o seu trabalho, porque a relação pedagógica está sujeita a condições concretas, a realidade está sempre em movimento, de forma que o plano está sempre sujeito a alterações.
Os principais requisitos para o planejamento são: os objetivos e tarefas da escola democrática, as exigências dos planos e programas oficiais; as condições prévias dos alunos para a aprendizagem; os princípios e as condições do processo de transmissão e assimilação ativa dos conteúdos.
As instâncias superiores de ensino a nível nacional que constituem o poder público têm a responsabilidade de elaborar os planos e programas oficiais de instrução – que são diretrizes gerais, documentos de referências. Esses programas oficiais tem um caráter democrático, pois possuem um núcleo comum de conhecimentos escolares a fim de garantir a unidade cultural e política da nação, pois asseguram a todos os brasileiros, sem discriminação de classes sociais e de regiões, o direito e acesso a conhecimentos básicos comuns. Esses documentos são reelaborados e organizados pelos estados e municípios visando atender as diversidades regionais e locais   
Esses documentos oficiais são referências para a escola e os professores elaborarem seus planos específicos, seus próprios planos, selecionado os conteúdos, os métodos e meios de organização do ensino, em face das peculiaridades de cada região, de cada escola e das particularidades e condições de aproveitamento escolar dos alunos.

A seguir abordaremos a função do plano da escola, o plano de ensino, o plano de aula:
O plano da escola é um documento mais global; expressa orientações gerais que sintetizam, de um lado, as ligações da escola com o sistema escolar mais amplo e, de outro, as ligações do projeto pedagógico da escola com os planos de ensino propriamente ditos. O plano de escola é um plano pedagógico e administrativo que serve como guia de orientação para o planejamento e trabalho docente.
Os passos para a realização de um plano da escola são:
ü  Posicionamento sobre as finalidades da educação escolar na sociedade e na escola;
ü   Bases teórico-metodológicas da organização didática e administrativa (o tipo de homem que queremos formar; as tarefas da educação geral, o significado pedagógico-didático do trabalho docente, as teorias do ensino e da aprendizagem, as relações entre o ensino e o desenvolvimento das capacidades intelectuais dos alunos);
ü  Caracterização econômica, social, política e cultural do contexto em que a escola está inserida (panorama geral do contexto, aspectos principais desse contexto que incidem no processo ensino-aprendizagem);
ü  Características sócio-culturais dos alunos (origem social e condições materiais de vida, aspectos culturais a exemplo de concepções de mundo, práticas de criação e educação das crianças, motivações e expectativas profissionais, linguagem, recreação, meios de comunicação, características psicológicas de cada faixa etária em termos de aprendizagem e desenvolvimento);
ü  Objetivos educacionais gerais da escola (aquisição de conhecimentos e habilidades, capacidades a serem desenvolvidas, atitudes e convicções);
ü  Diretrizes gerais para a elaboração do plano de ensino (sistemas de matéria – estrutura curricular, critérios de seleção de objetivos e conteúdos, diretrizes metodológicas gerais e formas de organização de ensino, sistemática de avaliação;
ü  Diretrizes quanto à organização e à administração (estrutura organizacional da escola, atividades coletivas do corpo docente (reuniões pedagógicas, conselho de classe, atividades comuns), calendário e horário escolar, sistema de organização de classes, sistema de acompanhamento e aconselhamento dos alunos, sistema de trabalho com os pais, atividades extra-classe, biblioteca, grêmio estudantil, esportes festas, recreação, visitas a instituições  e locais da cidade);
ü  Sistema de aperfeiçoamento profissional do pessoal docente e administrativo;
ü  Normas gerais de funcionamento da vida coletiva: relações internas na escola e na sala de aula.
·         O plano de ensino também conhecido como plano de unidades didáticas e plano de curso.  É um roteiro organizado das unidades didáticas previstas para o ano ou o semestre.  
O plano de ensino contém os seguintes componentes: Justificativa da disciplina em relação aos objetivos da escola; objetivos gerais, objetivos específicos, conteúdo (com a divisão temática de cada unidade) tempo possível e desenvolvimento metodológico (atividades do professor e dos alunos), bibliografia do professor e o livro adotado para estudo dos alunos.
A justificativa da disciplina responderá a três questões básicas do processo didático: O por quê, o para que e o como. A justificativa deve responder a seguinte pergunta: qual a importância e o papel da matéria de ensino no desenvolvimento das capacidades cognoscitivas dos alunos? Dizendo de outro jeito, para que serve ensinar tal matéria?
A justificativa pode ter uma ou mais páginas e tem início fazendo as considerações sobre as funções sociais e pedagógicas da educação escolar na sociedade, tendo em vista explicitar os objetivos que desejamos alcançar no trabalho docente com os alunos.
Posteriormente descreve-se brevemente os conteúdos básicos da disciplina para indicar o que serve e o que vai ensinar. Dessa forma, vão sendo definidos os objetivos prioritários, tendo em vista a sua relevância social, política, profissional e cultural.  Por fim explicitam-se as formas metodológicas para atingir os objetivos com base nos princípios didáticos gerais e no método próprio de cada disciplina visando a assimilação ativa dos conhecimentos e desenvolvimento das capacidades cognoscitivas dos alunos.
Para que possamos definir objetivos específicos - resultados esperados da aquisição de conhecimentos e habilidade ainda que fixados de antemão- devemos delimitar os conteúdos por unidades didáticas – temas inter-relacionados que compõem o plano de ensino para uma série, sendo que cada unidade didática possui um tema central do programa, detalhado em tópicos – com a divisão temática de cada uma.
O procedimento mais simples de organização do conjunto de unidades didáticas do plano é o seguinte:
ü  Tendo em mente sua concepção de educação e escola, seu posicionamento sobre os objetivos sociais e pedagógicos do processo de ensino e, ainda, seu posicionamento e conhecimento em relação à disciplina que leciona, o professor começa a elaborar o programa. Para isso, deve consultar o programa oficial da matéria ( recomendado pelo estado ou município), o livro didático escolhido e outros materiais de consulta;
ü  O programa ou conteúdos para a série é inicialmente dividido em unidades didáticas (como se fossem capítulos de um livro), cada uma com seus respectivos tópicos. A primeira versão é o levantamento geral dos temas que podem ser trabalhados. Uma segunda versão será necessária para adequar o programa ao nível de prepara dos alunos, às condições concretas de desenvolvimento das aulas, aos objetivos gerais do ensino da matéria, à continuidade do programa desenvolvido na série anterior e, finalmente, ao tempo disponível;
ü  Concluída a segunda versão, o professor terá um conjunto de unidades didáticas para um ano ou semestre e o número de aulas para cada uma. Fará então uma última checagem para verificar: se as unidades forma um todo homogêneo e lógico, se as unidades realmente contém o conteúdo básico essencial em relação às condições de aprendizagem dos alunos e à exigência de consolidação da matéria assimilada;
ü  Se os tópicos de cada unidade realmente possibilitam o entendimento da ideia central contida nessa unidade;
ü  Se os tópicos de cada unidade podem ser transformados em tarefas de estudo para os alunos e em objetivos de conhecimentos e habilidades.
 Quanto mais cuidadosamente for formulado o conjunto de unidades, mais facilmente o professor poderá extrair delas os objetivos específicos, os métodos e procedimentos de ensino.
Alguns verbos que podem ser utilizados para elaborar operações metais simples: definir, listar, identificar, reconhecer, usar, aplicar, reproduzir e para operações mentais mais complexas: comparar, relacionar, analisar, justificar, diferenciar.
Outros verbos que ajudam o professor a explicitar com maior precisão a atividade de estudo dos alunos: apontar, localizar, desenhar, nomear, destacar, distinguir, demonstrar, classificar, utilizar, organizar, listar, mencionar, formular.
Há ainda os objetivos formativos, que são os referentes a atitudes, convicções e valores. Há expectativas do professor que os alunos vão formando traços de personalidade e de caráter, que tenham uma postura diante da vida, que formem atitudes positivas em relação ao estudo etc. tais expectativas podem ser transformadas em objetivos, mas o professor deve ter em mente que eles não se alcançam de imediato e sua comprovação não pode ser constatada objetivamente, são projeções futuras de objetivos cuja consecução se vai dando ao longo do processo, inclusive com a cooperação de todos os demais professores.
O desenvolvimento metodológico dará vida aos objetivos e conteúdos. Indica o que o professor e os alunos farão no desenrolar de uma aula ou conjunto de aulas. A função deste componente do plano de ensino, é articular objetivos e conteúdos com métodos e procedimentos  de ensino que provoquem a atividade mental  e prática dos alunos
A primeira atividade é verificar os objetivos e a matéria a ser ensinada, pois eles determinarão os métodos e procedimentos bem como os recursos de ensino a lançar mão. Em seguida devem ser especificadas as ações docentes e discentes (do professor e do aluno) correspondentes a cada passo de uma aula ou conjunto de aulas (Introdução, desenvolvimento e aplicação)
As atividades desta fase podem ser: conversação dirigida sobre; perguntas sobre; observação de demonstração do tema através de ilustrações (jornais, objetos, cartazes, revistas, gráficos), leitura individual de um texto.
As atividades podem ser: exposição oral pelo professor, conversação, trabalho independente dos alunos, estudo dirigido, exercícios de compreensão de texto, trabalho em grupos, exercícios de solução de problemas.
Convém lembrar que em qualquer atividade escolhida esteja presente a ideia dominante (a pergunta central) da unidade.
O professor deve citar as atividades e mencionar o conteúdo das atividades.
·         O plano de aula é a previsão do desenvolvimento do conteúdo para uma aula ou conjunto de aulas e tem um caráter específico.
O plano de aula é um detalhamento do plano de ensino. As unidades e subunidades (tópicos) que foram previstas em linhas gerais são agora especificadas e sistematizadas para uma situação real.
Na elaboração do plano de aula, deve-se levar em consideração, em primeiro lugar, que a aula é um período de tempo variável.
Dificilmente completamos numa só aula o desenvolvimento de uma unidade ou tópico de unidade, pois o processo de ensino e aprendizagem se compõe de uma sequência articulada de fases: preparação e apresentação de objetivos, conteúdos e tarefas, desenvolvimento da matéria nova, consolidação, aplicação, avaliação.
Isso significa que devemos planejar não uma aula, mas um conjunto de aulas.
Na preparação de aulas, o professor deve reler os objetivos gerias da matéria e a sequência dos conteúdos do plano de ensino.
Não pode esquecer que cada tópico novo é uma continuidade do anterior; é necessário assim, considerar o nível de preparação inicial dos alunos para a matéria nova.
Trata-se de organizar um conjunto de noções básicas em torno de uma ideia central, formando um todo significativo que possibilite ao aluno uma percepção clara e coordenada do assunto em questão.
Ao mesmo tempo em que são listadas as noções, conceitos, ideias e problemas, é feita a previsão do tempo, nessa fase ainda não é definitiva, pois poderá ser alterada no momento de detalhar o desenvolvimento metodológico da aula.
Em relação a cada tópico, o professor redigirá um ou mais objetivos específicos, tendo em conta os resultados esperados da assimilação de conhecimentos e habilidades.
O desenvolvimento metodológico será desdobrado nos seguintes itens, para cada assunto novo: preparação e introdução do assunto, desenvolvimento e estudo ativo do assunto, sistematização e aplicação.
O desenvolvimento metodológico será desdobrado nos seguintes itens, para cada assunto novo:
·         Preparação e introdução do assunto;
·         Desenvolvimento e estudo ativo do assunto; 
·         Sistematização e aplicação; tarefas de casa.
Em cada um dos itens mencionados, o professor deve prever formas de verificação do rendimento dos alunos.
Precisa lembrar que a avaliação é feita no início ( o que o aluno sabe antes do desenvolvimento da matéria nova), durante e no final de uma unidade didática,
A avaliação deve conjugar várias formas de verificação, podendo ser: Informal, para fins de diagnóstico e acompanhamento dos alunos; Formal, para fins de atribuição de notas ou conceitos.

Os momentos didáticos do desenvolvimento metodológico não são rígidos. Cada momento terá duração de tempo de acordo com o conteúdo, com o nível de assimilação dos alunos.
Às vezes ocupar-se-á mais tempo com a exposição oral da matéria,  em outras, com o estudo da matéria. Outras vezes, ainda, tempo maior pode ser dedicado a exercícios de fixação (consolidação).
Por exemplo, pode acontecer que os alunos dominem perfeitamente os conhecimentos e habilidades necessários para enfrentar a matéria nova; nesse caso, a preparação e introdução do tema pode ser mais breve. Entretanto, se os alunos não dispõem de pré-requisitos bem consolidados, a decisão do professor deve ser outra, gastando-se mais tempo para garantir a base inicial de preparo através da recapitulação, pré-teste de sondagem, exercícios.
No desenvolvimento metodológico pode-se destacar aulas com finalidades específicas: aula de exposição oral; aula de discussão ou de trabalho em grupo; aula de estudo dirigido individual; aula de demonstração prática ou estudo do meio; aula de exercícios; aula de recapitulação; aula de verificação para avaliação.
O professor deverá fazer uma avaliação da própria aula.
O êxito dos alunos não depende unicamente do professor e de seu método de trabalho, pois a situação docente envolve muitos fatores de natureza social, psicológica, o clima geral da dinâmica da escola etc.
Entretanto, o trabalho docente tem um peso significativo ao proporcionar condições efetivas para o êxito escolar dos alunos.
Ao fazer a avaliação, convém ainda levantar questões como estas:
Os objetivos e conteúdos foram adequados à turma?
·         O tempo de duração da aula foi adequado?
·         Os métodos e técnicas de ensino foram variados e oportunos para suscitar a atividade mental e prática dos alunos?
·         Foram feitas verificações de aprendizagem no decorrer das aulas (informais e formais)?
·         O relacionamento professor-aluno foi satisfatório?
·         Houve uma organização segura das atividades, de modo a ter garantido um clima de trabalho favorável?
·         Os alunos realmente consolidaram a matéria, num grau suficiente para introduzir matéria nova?
·         Foram propiciadas tarefas de estudo ativo e independentes dos alunos?
É importante destacar que a cada etapa do processo de ensino o professor faça registros tanto no plano de ensino quanto no plano de aulas de novos conhecimentos, novas experiências. Agindo dessa forma, o professor está fazendo uso do planejamento como oportunidade de reflexão e avaliação de sua prática, além de suavizar o seu trabalho, uma vez que não precisa, a cada ano ou semestre. Começar tudo do marco zero.



IIIII – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Fazer este estudo sobre o Planejamento de Ensino nos fez compreender que o contexto social, político, econômico e cultural da sociedade capitalista, influi diretamente no processo de ensino, em especial nas Escolas Públicas, nas quais se encontram crianças e jovens pertencentes à população majoritária da sociedade brasileira, recebendo uma educação, de baixa qualidade. Neste contexto, está nas mãos do professor e/ou futuro professor a responsabilidade em proporcionar uma educação de qualidade, sendo o Planejamento de Ensino, da forma como apresentamos, um poderoso instrumento para que isso aconteça.




IV – REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

LIBÃNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.


.

Nenhum comentário: