(Nova Pedagogia do Trabalho)
Considere a nova pedagogia do trabalho e explique as
implicações na formação do novo trabalhador, considerando os seguintes eixos:
1.
Os novos conteúdos;
2.
As novas formas metodológicas;
3.
Os novos espaços e atores
educativos;
4.
As novas formas de controle
O atual modelo de produção - globalização da
economia e reestruturação produtiva - tem como características tecnologia de
base flexível e rápida, intensificação de práticas transnacionais na economia
com seus padrões de produção e consumo, comunicação em redes interplanetárias,
acesso a informações, uniformização e integração de hábitos.
Este modo de organização econômica exige
competências intelectualmente mais complexas, derivadas do domínio teórico,
voltadas para o enfrentamento de ações novas que exige reflexão, crítica,
flexibilidade, autonomia moral e intelectual, além da capacidade de educar-se
permanentemente.
Para tanto
exigem conhecimentos e habilidades demandadas por ocupações especificas,
conhecimentos básicos, tanto no plano dos instrumentos necessários para o
domínio da ciência, da cultura e das formas de comunicação, como no plano dos
conhecimentos científicos e tecnológicos presentes no mundo do trabalho e das
relações sociais contemporâneas.
No entanto, todas as mudanças no mercado globalizado não superam a
divisão social e técnica do trabalho, pois devido à própria ideologia
capitalista - a racionalidade econômica - ainda predomina o Projeto pedagógico
do modelo econômico taylorista/fordista, no qual a educação tanto nas escolas
quanto nas instituições especificas de educação profissional e nos treinamentos
das empresas não prepara o trabalhador para a sua inserção igualitária no mundo
do trabalho, tendo em vista que as formas metodológicas deste modelo priorizam
a multiplicação de cursos de treinamento fragmentado, direcionados para
ocupações bem definidas, ofertados de forma desordenada, de tal maneira que o
trabalhador coleciona uma gama de certificados sem, no entanto, construir uma
qualificação orgânica e consistente. Estes cursos se resumem na memorização de
regras básicas e procedimentos técnicos específicos.
Neste contexto, à formação dos
trabalhadores, embora incluídos no mundo do trabalho, há uma dicotomia, tendo
em vista que há duas modalidades de educação: a educação técnico-científica
para um número reduzido mesmo assim, há uma estratificação entre eles. E a
educação precária para um grande contingente de trabalhadores, responsáveis por
atividades trabalhistas precarizadas. Devido ao caráter concentrador do
capitalismo, acentuado pelo padrão de acumulação, há uma grande massa de
excluídos, que se acentua diariamente, totalmente, excluídos da produção e
consumo e, consequentemente, do direito à educação e à formação profissional de
qualidade. Estes, inegavelmente, precisam dominar o conhecimento e o método,
por serem condições determinantes à
sobrevivência.
Diante do exposto, é perceptível
que a escola é reprodutora dessas desigualdades sociais, em especial do
processo econômico. Posto que ela perpetua a inclusão dos alunos já incluídos,
tendo em vista que eles possuem experiências sociais e culturais decorrentes de
suas condições materiais, que lhes
favorecem o desenvolvimento de habilidades cognitivas, hábitos e condutas
inerentes conhecimento sistematizado,
que facilitam o enfrentamento de situações dinâmicas com a
necessária flexibilidade, próprias do atual modelo econômico. Dessa forma, a
escola pré- seleciona os que terão melhores oportunidades no mundo do trabalho,
bem como os que não apresentam sociais, culturais e matérias serão os
pré-selecionados para atuar nas unidades produtoras, nas quais ainda predomina
o modelo econômico taylorista/fordista.
,
Essa polarização na formação da
população ocorre devido ao discurso da ideologia capitalista ser a
universalização da educação pública e de qualidade para todos, em especial a
Educação Básica e na prática, atendendo as orientações internacionais, garante
o Ensino Fundamental e restringe o Ensino Médio, o qual deveria proporcionar as
habilidades cognitivas, os conteúdos
métodos necessários inserção
igualitária no mundo do trabalho.
Assim, no espaço fabril, os
poucos alunos/trabalhadores quel tiveram oportunidade de maior apropriação de
conhecimentos científicos e tecnológicos ocupam os cargos mais elevados na
hierarquia do trabalho coletivo. Dentre as funções exercidas estão, criação ou
adequação de novas tecnologias, gestão de qualidade e funções administrativas
diversificadas; para os alunos/trabalhadores que se apropriaram de
conhecimentos científicos-tecnológicos específicos e habilidades psicofísicas e
modos operacionais, ou seja, conhecimentos e destrezas específicas atuam nas
unidades produtivas, nas quais predomina o modelo taylorista/fordista. Para
estes, o requisito é que tenha o Ensino Fundamental Completo. por fim, os
alunos/trabalhadores que se apropriaram
de conhecimentos mais abrangentes dos campos das ciências presentes no processo
produtivo, inclusive de línguas estrangeiras, informática e formas de
comunicação com ênfase na competência potencial para usar conhecimentos
teóricos para resolver problemas práticos, domínio de cuidados operacionais
necessários para lidar com equipamentos sofisticados e de alto custo ocupam
cargos nas áreas automatizadas. Para estes trabalhadores o requisito para a
admissão é o Ensino Médio Completo. Eles exercem as funções de alimentar/vigiar
as máquinas, controlar a existência de problemas por meio de mensagens emitidas
na tela do computador. Para tanto, exige-se apenas a memorização de teclas a
serem utilizados sempre que necessário.
Devido os custos altos, para uma
qualificação em serviço, é mais fácil e barato comprovar a competência por
certificação escolar, sem nenhuma comprovação de domínio dos conteúdos. No
entanto, no exercício da profissão cabe ao trabalhador mostrar as competências necessárias para o cargo, tendo em vista
que o alto custo dos processos
intensivos em tecnologia exige trabalhadores responsáveis, atentos, flexíveis
com relação a necessidade de constantes mudanças e capazes para enfrentar
situações problemas com agilidade.
Todavia, o atual contexto
econômico exige um novo trabalhador para todos os setores da economia com
capacidades intelectuais que lhe permita adaptar-se à produção flexível. Dentre
elas estão: a capacidade de comunicar-se adequadamente, mediante o domínio dos
códigos e linguagens, incorporando, além da língua materna, uma língua
estrangeira moderna e as novas formas trazidas pela semiótica; autonomia
intelectual para resolver problemas práticos, utilizando os conhecimentos
científicos, buscando aperfeiçoar-se continuamente; a autonomia moral, por meio
da capacidade de enfrentar novas situações que exigem posicionamento ético;
capacidade de comprometer-se com o trabalho, entendido em sua forma mais ampla
de construção do homem e da sociedade, por meio da responsabilidade, da
crítica, da criatividade.
As transformações do mundo
trabalho exige muito mais do que o exposto.
Em primeiro lugar a universalização do Ensino Fundamental e Médio, com
qualidade, para toda a população. Em segundo lugar, uma profunda revisão do
trabalho pedagógico realizado nas escolas, visando à construção uma nova
proposta pedagógica que supere as limitações do modelo Taylorista/Fordista.
Para tanto, a nova proposta deve estar fundamentada
nos seguintes pressupostos:
·
Articulação entre conhecimento básico e
conhecimento especifico tendo o mundo do trabalho e as relações sociais como
eixo definidor dos conteúdos. Dizendo de outra forma, privilegiar a práxis
social e as peculiaridades de cada
processo produtivo, as situações concretas do processo produtivo, como ponto de
partida para a seleção e organização dos conteúdos. Substituindo assim, o eixo
de organização dos conteúdos, que tradicionalmente tinha como ponto de partida
as áreas de conhecimento;
·
Articulação entre saber para o mundo do trabalho e
saber para o mundo das relações sociais, privilegiando-se conteúdos demandados
pelo exercício da cidadania, que se situam nos terrenos da economia, da
política, da historia, da filosofia, da ética e assim por diante;
·
Articulação entre conhecimento do trabalho e
conhecimento das formas de gestão e organização do trabalho;
·
Articulação dos diferentes atores para a construção
da proposta: setores organizados da sociedade civil, professores e pedagogos,
responsáveis pela gestão estatal da educação e responsáveis pela formação de
profissionais de educação.
Nessa nova proposta pedagógica a
prioridade é para relação teoria/prática;
são outras habilidades, para além da simples memorização de passos e
procedimentos, que incluem as habilidades de comunicação, a capacidade de
buscar informações em fontes diversas e a possibilidade de trabalhar com estas
informações para resolver situações problemáticas, criando novas soluções; e
principalmente , é outro processo de conhecer, que ultrapassa a relação apenas
individual do homem com o conhecimento, para incorporar as múltiplas mediações
do trabalho coletivo.
Para tanto, não é necessário novos conteúdos,
mas que os conteúdos tradicionalmente ensinados, para uma camada restrita da
população, que consegue ultrapassar a barreira da seletividade, devem ser
objeto de ampla democratização, uma vez que são requisitos mínimos para a
participação competente em um setor produtivo que cada vez mais incorpora
ciência e tecnologia. Nessa nova pedagogia, a diferença está na forma de
selecionar, organizar e trabalhar os conteúdos.
Nesse novo projeto pedagógico, devem ser incluídos os conteúdos sobre as
determinações sociais e políticas que levaram à globalização da economia, à
reestruturação produtiva e às novas relações entre Estado e sociedade,
circunscritos ao campo teórico ideológico do neoliberalismo.
Nestes conteúdos devem ser priorizados:
·
as novas formas de organização e gestão dos
processos produtivos e das novas relações sociais por estes determinadas, incluindo os novos
processos de qualidade, não exclusivamente inscritos no âmbito da
produtividade, mas principalmente no âmbito da qualidade de vida em todas as
dimensões compreendendo a preservação do ambiente;
·
novos instrumentos de gestão e controle do trabalho;
·
as transformações que estão sendo propostas para a
legislação trabalhista e previdenciária;
·
as novas formas da organização da economia e dos
trabalhadores como alternativas às antigas formas de enfrentamento das
condições entre capital e trabalho;
·
as novas demandas de educação geral e profissional
para os trabalhadores;
·
os impactos das novas tecnologias sobre a saúde, a
segurança em geral e no trabalho.
Essa aprendizagem se faz
necessária tendo em vista que os alunos irão desenvolver a capacidade de
análise das relações sociais e produtivas e das transformações que ocorrem no
mundo do trabalho.
A ênfase no domínio de matemática
básica; do desenho geométrico, da língua portuguesa, da estatística, de uma
língua estrangeira moderna e de
informática básica. Estas são ferramentas que permitem a apropriação dos
conhecimentos científicos, tecnológicos, sócio históricos e de gestão.
Os conteúdos e as habilidades na
área de comunicação, consideradas todas as suas formas e modalidades, incluindo
a língua portuguesa, as línguas estrangeiras e os meios informatizados de
comunicação, passam a ser estratégicos, nos seguintes aspectos: avaliação
crítica, participação produtiva, relações interpessoais no trabalho e na
sociedade, participação social.
Neste cenário, a nova função do
professor é gerenciar o processo de aprender, não mais ensinando por meio de
relações interpessoais com o aluno e sim estabelecendo a relação entre eles e a
ciência no seu acontecendo, na práxis social e produtiva. Este processo se da
não mais exclusivamente na dimensão individual, mas através de relações que são sociais, articulando dessa
forma as dimensões individual e coletiva, subjetiva e objetiva, teórica e
prática, que caracteriza o trabalho humano enquanto categoria fundante dos
processos de produção do conhecimento.
Dessa forma, através do novo
projeto pedagógico, a educação, estará comprometida com os trabalhadores e
excluídos, proporcionando-se uma formação intelectual, técnica e eticamente desenvolvidos e politicamente comprometidos com a
construção de uma nova sociedade.
Referência:
KUENZER, Acácia Zeneida. AS MUDANÇAS NO MUNDO DO
TRABALHO E A EDUCAÇÃO: novos desafios para a gestão.
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