segunda-feira, 31 de agosto de 2015

A escola pública no contexto da sociedade capitalista

Desde os primórdios da humanidade os seres humanos travam relações recíprocas diante da necessidade de trabalharem conjuntamente para garantir a sobrevivência.
No decorrer do tempo essas relações vão se transformando, criando novas necessidades, novas formas de organização e em especial uma divisão de trabalho de acordo com sexo, idade, ocupações, existindo assim uma distribuição das atividades entre os envolvidos no processo de trabalho.
Na história da sociedade, nem sempre houve uma igualdade na distribuição dos produtos do trabalho. Cada vez mais aumenta a distribuição desigual dos indivíduos em diferentes atividades, bem como do produto dessas atividades. Devido a isso vai surgindo nas relações sociais a desigualdade econômica e de classes.
Na sociedade escravista, os meios de trabalho e o próprio trabalhador (escravo) são propriedades dos donos da terra. Na sociedade feudal, os trabalhadores (servos) são obrigados a trabalhar sem remuneração nas terras do senhor feudal ou a pagar-lhes tributos.
Atualmente a sociedade é dividida em classes, de um lado, os capitalistas, proprietários dos meios de produção (empresas, maquinas, bancos, instrumentos de trabalho, etc.) e de outro, os trabalhadores que vendem a sua força de trabalho para obter os meios de sua subsistência), ocupando, lugares opostos e antagônicos no processo de produção.
Assim, os donos dos meios de produção retiram seus lucros da exploração do trabalho da classe trabalhadora. Esta é composta de aproximadamente 70% da população brasileira. A remuneração recebida por esses trabalhadores não atende as suas necessidade básicas e é totalmente excluída de suas necessidades culturais.
A classe minoritária além de ser detentora dos bens materiais, ela também retém os meios de produção cultural e de sua difusão, tendendo colocá-la a serviço dos seus interesses, ideias, valores, praticas sobre a vida, o trabalho, as relações humanas, através das escolas, as igrejas, as ageências de formação profissional e dos meios de comunicação de massa.
Detentora de todo esse patrimônio material e cultural, a minoria dominante oferece a população majoritária uma educação deficiente nas escolas publicas, objetivando prepará-los para o trabalho físico e para atitudes conformistas.
A escola pública do passado era organizada para atender os filhos das famílias das camadas alta e média da sociedade, que, geralmente, já dispunha de uma preparação familiar anterior para ter êxito nos estudos. Essa escola proporcionava uma formação geral e intelectual para os filhos da sociedade elitizada, enquanto os filhos dos menos favorecidos que conseguiam ter acesso à escola eram preparados para o trabalho físico (para profissões manuais), com conhecimentos reduzidos e quase nenhuma preocupação com o desenvolvimento intelectual.
A escola pública de hoje, localizada nos centros e periferias urbanas das grandes cidades, nas cidades de médio e pequeno porte e na zona rural atende a um grande contingente de crianças e jovens, filhos de assalariados, subempregados e parcelas da classe média baixa. E para esses alunos são transmitidos conteúdos de ensino com poucas modificações dos que eram ensinados para os filhos dos ricos que outrora estudavam na escola pública.
Diante de tal constatação é imperativo que a escola  publica seja democrática e junto com os professores possibilite aos aprendizes uma educação geral, intelectual e profissional mediante a assimilação ativa de conhecimentos científicos e o desenvolvimento de suas capacidades intelectuais, de modo a estarem preparadas para participar da vida social (na profissão, na política e na cultura). Para tanto, a escola deve contribuir para objetivos de formação profissional para a compreensão das realidades do mundo do trabalho; de formação política para que permita o exercício ativo da cidadania, a exemplo de participação nas organizações populares, atitude consciente e crítica no processo eleitoral; de formação cultural para adquirir uma visão de mundo compatível com os interesses emancipatórios da classe trabalhadora.

Referência:

LIBÃNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

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