A
escola pública no contexto da sociedade capitalista
Desde os
primórdios da humanidade os seres humanos travam relações recíprocas diante da
necessidade de trabalharem conjuntamente para garantir a sobrevivência.
No decorrer do
tempo essas relações vão se transformando, criando novas necessidades, novas
formas de organização e em especial uma divisão de trabalho de acordo com sexo,
idade, ocupações, existindo assim uma distribuição das atividades entre os
envolvidos no processo de trabalho.
Na história da
sociedade, nem sempre houve uma igualdade na distribuição dos produtos do
trabalho. Cada vez mais aumenta a distribuição desigual dos indivíduos em
diferentes atividades, bem como do produto dessas atividades. Devido a isso vai
surgindo nas relações sociais a desigualdade econômica e de classes.
Na sociedade
escravista, os meios de trabalho e o próprio trabalhador (escravo) são
propriedades dos donos da terra. Na sociedade feudal, os trabalhadores (servos)
são obrigados a trabalhar sem remuneração nas terras do senhor feudal ou a
pagar-lhes tributos.
Atualmente a
sociedade é dividida em classes, de um lado, os capitalistas, proprietários dos
meios de produção (empresas, maquinas, bancos, instrumentos de trabalho, etc.)
e de outro, os trabalhadores que vendem a sua força de trabalho para obter os
meios de sua subsistência), ocupando, lugares opostos e antagônicos no processo
de produção.
Assim, os donos
dos meios de produção retiram seus lucros da exploração do trabalho da classe
trabalhadora. Esta é composta de aproximadamente 70% da população brasileira. A
remuneração recebida por esses trabalhadores não atende as suas necessidade
básicas e é totalmente excluída de suas necessidades culturais.
A classe
minoritária além de ser detentora dos bens materiais, ela também retém os meios
de produção cultural e de sua difusão, tendendo colocá-la a serviço dos seus
interesses, ideias, valores, praticas sobre a vida, o trabalho, as relações
humanas, através das escolas, as igrejas, as ageências de formação profissional
e dos meios de comunicação de massa.
Detentora de
todo esse patrimônio material e cultural, a minoria dominante oferece a
população majoritária uma educação deficiente nas escolas publicas,
objetivando prepará-los para o trabalho físico e para atitudes conformistas.
A escola pública
do passado era organizada para atender os filhos das famílias das camadas alta
e média da sociedade, que, geralmente, já dispunha de uma preparação familiar
anterior para ter êxito nos estudos. Essa escola proporcionava uma formação
geral e intelectual para os filhos da sociedade elitizada, enquanto os filhos
dos menos favorecidos que conseguiam ter acesso à escola eram preparados para o
trabalho físico (para profissões manuais), com conhecimentos reduzidos e quase
nenhuma preocupação com o desenvolvimento intelectual.
A escola pública
de hoje, localizada nos centros e periferias urbanas das grandes cidades, nas
cidades de médio e pequeno porte e na zona rural atende a um grande contingente
de crianças e jovens, filhos de assalariados, subempregados e parcelas da classe
média baixa. E para esses alunos são transmitidos conteúdos de ensino com
poucas modificações dos que eram ensinados para os filhos dos ricos que outrora
estudavam na escola pública.
Diante de tal
constatação é imperativo que a escola
publica seja democrática e junto com os professores possibilite aos
aprendizes uma educação geral, intelectual e profissional mediante a
assimilação ativa de conhecimentos científicos e o desenvolvimento de suas
capacidades intelectuais, de modo a estarem preparadas para participar da vida
social (na profissão, na política e na cultura). Para tanto, a escola deve
contribuir para objetivos de formação profissional para a compreensão das
realidades do mundo do trabalho; de formação política para que permita o
exercício ativo da cidadania, a exemplo de participação nas organizações
populares, atitude consciente e crítica no processo eleitoral; de formação
cultural para adquirir uma visão de mundo compatível com os interesses
emancipatórios da classe trabalhadora.
Referência:
LIBÃNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
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